A cidade amanheceu envolta em uma bruma branquinha, que mais parecia o tecido de um artista brincalhão, a querer ocultar a beleza dos olhos dos outros. Aos poucos o sol dourado foi dissipando-a e revelando a empolgação das pessoas pela noite que demoraria a chegar.
Célia subiu as escadas em direção ao seu quarto com a leveza de uma bailarina. Em seu rosto a alegria própria de sua personalidade parecia ainda mais vivaz. Ela passou pela porta do quarto e foi direto ao armário escolher a roupa para sair com sua amiga Jasmine.
Pontual como sempre Jasmine foi logo entrando pela porta, e ao se jogar na cama observou a amiga.
Céli, não acredito que irá sair com chinelos de dedo!
Jas porque esse ar assombrado? Eu me sinto bem com estes chinelos.
Acontece que hoje é um dia diferente dos outros e prevejo muitas emoções. Disse ela empolgada e mexendo as sobrancelhas em sugestão.
Rindo, Célia pegou uma toalha de rosto e jogou-a na amiga.
Vamos antes que me arrependa por fazer parte de minha vida. Disse Célia segurando o riso.
Jasmine rolou na cama parecendo um cãozinho arteiro na maior gargalhada. Recuperando um pouco da compostura disse: você não sabe viver sem mim!
Rindo, Célia aproximou-se da cama e arrastando-a, saíram porta a fora.
Sem destino certo, elas entraram no carro de Jasmine e partiram.
Estacionaram a algumas quadras da danceteria onde Célia iria participar de um concurso de dança e seguiram caminhando. Vez ou outra paravam em alguma loja para olhar as novidades. Rindo e brincando elas não perceberam o adiantado das horas e quando deram por si a tarde já ia pelo meio.
Célia parou ao ficar encantada com a pintura ao lado de um estabelecimento. A pintura assemelhava um quadro com grãos de café flutuando na imensidão branca. Ela chamou Jasmine e se aproximaram do local que parecia ser um café bar. O nome no letreiro não induzia a imaginação: “Vena”. E do lado de dentro as mesas de mogno escuro compunham um estilo mais rustico e os garçons com suas camisas brancas e imaculadas davam o retoque final para receber os clientes que não tardariam a chegar.
Distraída Célia não percebeu quando Jasmine saiu de perto dela para encontrar outra garota. Sua imaginação corria solta e ao virar sem olhar para os lados trombou em alguém.
Eii. Disse Célia.
Opa! Disse ele enlaçando-a pela cintura para que não caísse no chão.
Você não olha por onde anda! Disse ela com o coração na boca.
Levantando a cabeça para olhar para o rosto dele, sua boca ao poucos refletiu sua surpresa.
Na sua frente estava o rapaz mais belo que tinha visto na vida. O rosto de pele imaculada era adornado por um par de olhos de um azul incrível envoltos por cílios negros como a noite.
Célia pigarreou sem graça ao se dar conta da situação. Ela de boca aberta encarando-o e ele ainda com as mãos em sua cintura.
Desculpe, fui eu que quase te derrubei. Disse ela ao se afastar dele e sem saber mais o que dizer devido à sua mudez.
Tudo bem. A proposito sou Brian. Disse ele com um sorriso genuíno no rosto.
Oi Célia.
Eles sorriem um para o outro.
Você está bem? Perguntou ele preocupado.
Claro! Minha mãe sempre diz que tenho cabeça dura.
Ele franziu a testa como se tivesse ficado ainda mais preocupado.
Estou brincando seu bobo. Disse ela dando lhe um soquinho em seu ombro.
Ele sorriu aliviado.
Então... Podemos começar de novo. Disse Brian.
Ela sorriu encantada.
Claro. Oi meus amigos me chamam de Celi.
Prazer Brian. E apertaram as mãos. Isso quer dizer que posso me considerar seu amigo: perguntou ele.
Claro, depois de testarmos nossas forças e sairmos quites, acho justo.
Quites não. Disse ele rindo. Se não tivesse te segurado com certeza ainda estaria no chão.
Touché. Disse ela.
Celi, você é encantadora, nunca conheci alguém como você.
O coração dela disparou no peito.
Aposto que diz isso para todas.
Todas não, só para as especiais. Afirmou ele sério com um brilho no olhar.
Célia não soube o que pensar, se ele falava a sério ou de brincadeira.
Sentaram em uma das mesas e enquanto tomavam sorvete mataram a curiosidade um do outro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário